Conservação do Cerrado garante fornecimento de água no país
CURITIBA – A conservação do Cerrado é estratégica e essencial para a manutenção do regime de águas no Brasil e na América Latina. O desmatamento do segundo maior bioma do país cresce em ritmo acelerado, o que pode degradar rios importantes que nascem dentro dele e percorrem estados das cinco regiões do país, alimentando culturas agrícolas, cidades e hidrelétricas.
No Cerrado, estão nas nascentes dos rios que abastecem as três principais bacias hidrográficas do país. De acordo com dados da SOS Cerrado, 78% da água que abastece a Bacia Amazônica vem de rios que nascem no Cerrado; 50% das água da bacia do São Francisco, tem origem nas nascentes do bioma; 48% a bacia Platina (Paraná-Paraguai).
“Muitas pessoas ainda reconhecem o Cerrado como um bioma de clima seco e sem vida. Pouca gente sabe que é a maior fonte geradora de água doce do país, bem no coração do Brasil, e é uma das importantes cabeceiras da maior bacia fluvial do mundo, a bacia Amazônica”, explica a diretora executiva da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, Malu Nunes.
Para que essas bacias continuem a ser alimentadas pelos rios do Cerrado, é fundamental que a cobertura vegetal do bioma seja mantida. O problema é que 80% da área natural do Cerrado já foram alterados e a destruição aumenta a cada dia, o que confere ao bioma a classificação de segundo mais ameaçado do país, depois da Mata Atlântica. As principais ameaças vêm da expansão das fronteiras agrícolas, da exploração de minérios, da retidada de biomassa para produção de carvão e do crescimento desordenado das áreas urbanas.
O desmatamento está degradando rios importantes como o São Francisco e o Tocantins e também ameaça a sobrevivência de um das mais ricas biodiversidade do país. Há registros no Cerrado da presença de cerca de 10 mil espécies vegetais, 800 de aves e 160 de mamíferos. Muitas de suas espécies, especialmente as vegetais, só ocorrem ali e em nenhum outro lugar do Planeta.
Tanta destruição desestabiliza os ecossistemas naturais e prejudica o fornecimento de benefícios que são essenciais à sobrevivência de todas as espécies, inclusive a nossa, os chamados serviços ecossistêmicos, como a produção de água doce, de oxigênio, de matéria-prima e de alimentos, a proteção do solo e a regulação do clima.
Entre as alternativas para frear a devastação do Cerrado estão a elaboração de um plano de conservação do bioma, que contemple o zoneamento para uso e ocupação, a recuperação de áreas degradadas e a criação e manutenção de unidades de conservação.
“As unidades de conservação são a principal ferramenta para proteger as nossas paisagens naturais. Elas são áreas protegidas por lei, que abrigam um patrimônio rico em biodiversidade, e que têm como objetivo a manutenção da natureza e dos serviços ecossistêmicos prestados por ela”, diz Malu Nunes.
Atualmente, o Cerrado apresenta apenas 6,77% de seu território legalmente protegido por unidades de conservação, sendo que o mínimo indicado pela Convenção da Diversidade Biológica é de 10 %. Daquele total, de acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, 3,88% são de unidades de conservação de uso sustentável e 2,89% são unidades de conservação de proteção integral. “Quando o objetivo é salvaguardar amostras significativas dos biomas brasileiros, devemos priorizar as áreas de proteção integral, que são aquelas que não permitem o uso direto dos recursos”, ressalta Malu.
Cobertura vegetal x produção e manutenção da água – A cobertura vegetal é fundamental para a manutenção do ciclo hidrológico. Além de devolverem parte da água das chuvas ao ambiente na forma de vapor, as árvores interceptam a água que escorre para o solo, fazendo com que ela se infiltre lentamente até chegar aos lençóis subterrâneos, de onde alimentam nascentes, e a partir daí os cursos d’água.
A perda da vegetação compromete essa dinâmica e, consequentemente, a disponibilidade e qualidade da água. Sem árvores, a chuva cai diretamente no solo e o arrasta em processos de erosão, causando o assoreamento e perda de nutrientes que levaram milhares de anos para serem disponibilizados no solo. Além disso, com mais solos chegando aos rios, a capacidade das represas de armazenar água é reduzida.
Cerrado protegido A urgência de ações de conservação do Cerrado levou a Fundação O Boticário de Proteção à Natureza a implantar em 2007 uma unidade de conservação no bioma, a Reserva Natural Serra do Tombador, reconhecida como Reserva Particular do Patrimônio Natural em julho de 2009.
“A Fundação O Boticário também mantém desde 1994 uma RPPN na Mata Atlântica. Nossas duas reservas são manejadas como unidade de conservação de proteção integral, nos moldes de parque nacional”, diz Malu Nunes, a diretora executiva da Fundação O Boticário.
A Reserva Natural Serra do Tombador fica em Cavalcante, Goiás, e é a maior RPPN do Estado e a quarta maior do Cerrado, com 8.900 hectares. Está localizada dentro da Reserva da Biosfera do Cerrado Goyaz, numa região identificada como de prioridade “extremamente alta” para a conservação, por abrigar uma grande variedade de espécies, muitas delas endêmicas, raras ou ameaçadas de extinção.
A RPPN está numa região conhecida pela numerosa quantidade de cachoeiras de águas cristalinas. A área da Reserva é drenada por tributários do rio São Felix, afluente da margem direita do rio Tocantins, em seu alto curso. Destacam-se o rio Conceição, que ocupa a porção central da área e que tem suas nascentes protegidas pela Reserva, e o rio Santa Rita, que representa o seu limite norte.
Na Reserva Natural Serra do Tombador também existia uma das formações do Cerrado mais ameaçadas, a Floresta Estacional Semidecidual de Encosta, popularmente chamada de “mata seca”. Esta formação tem solo naturalmente fértil, o que permite o plantio direto, e foi devastada para dar lugar a plantações de milho e mandioca. Depois de derrubada, esta mata dificilmente se regenera, pois a umidade e os nutrientes presentes no solo desaparecem. A mata seca, juntamente com as matas de galeria, são como oásis para a fauna característica do Cerrado, uma vez que a maioria das espécies animais depende delas para sobrevier.
Importância social do trabalho da FrutaSã
A grande maioria de nossos fornecedores de frutas são famílias de baixa renda que têm na FrutaSã importante complemento na renda familiar. Na foto ao lado, a fornecedora traz pequena quantidade de fruta em sacolas penduradas na bicicleta onde também se encontra seu filho pequeno.
Read Full Post | Make a Comment ( None so far )Fruta Sã brinda atores da Rede Globo com polpas de Frutas
Nestes dias encontra-se em Carolina a equipe da Rede Globo de televisão efetuando filmagens para a próxima novela. Dentre os atores que aqui se encontram temos Marcos Palmeira, Antonio Fagundes e Camila Pitanga. Abaixo segue fax simile da carta enviada aos mesmos apresentando a fábrica e os projetos que defende:
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Carolina, 28 de Julho de 2009
Prezad@s Senhor@s, saudações.
Ficamos felizes em saber que estão realizando filmagens em nossa cidade, que é famosa por suas belezas naturais e por estar numa das regiões mais preservadas do sul do Maranhão. No entanto, essas belezas estão cada vez mais ameaçadas pelo avanço da pecuária extensiva, do agronegócio da soja e outros empreendimentos que vem colocando em risco a integridade desse ambiente em que vivemos: o cerrado. Para tentar colocar alternativas a essa situação, desenvolvemos há mais de 15 anos o Projeto Frutos do Cerrado na nossa região.
A FrutaSã, braço econômico desse projeto, é uma empresa de caráter social de propriedade da Associação Wyty Cate das Comunidades Indígenas do Maranhão e Tocantins e do Centro de Trabalho Indigenista, organizações que há anos atuam na defesa das populações indígenas em toda a Amazônia brasileira. Sua missão é a defesa do cerrado sul maranhense e do norte do Tocantins através da geração de renda para as comunidades indígenas e trabalhadores agroextrativistas, buscando uma alternativa à expansão desordenada da fronteira agrícola e pecuária. O aproveitamento sustentável desse bioma se baseia na agricultura familiar e no extrativismo dos frutos nativos do cerrado, evitando seu desmatamento e o êxodo populacional para as áreas urbanas. Atualmente dezoito aldeias e mais de trezentos fornecedores da agricultura familiar compõem sua base de fornecimento de frutas nativas do cerrado, como o bacuri, o açaí juçara, o murici e a cajá, saborosas frutas do cerrado brasileiro.
O Cerrado em pé, preservado, é social, econômica e ambientalmente responsável pelo equilíbrio entre desenvolvimento e meio ambiente, garantindo a inclusão social, a proteção ambiental, o respeito às gerações, o respeito às culturas tradicionais e melhoria da qualidade de vida dos povos indígenas Timbira e das populações tradicionais envolvidas.
Temos a certeza de que o pequeno regalo enviado junto desta carta lhes proporcionará bons momentos de degustação. Aproveitamos ainda o ensejo para convidá-los a conhecer nossas instalações e/ou uma das aldeias que fazem parte de nossa base, especialmente a aldeia Rio Vermelho dos Krahô que se encontra em festa esta semana e cujo acesso é relativamente fácil.
Cordialmente,
A Direção
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